
Como Sheryl Sandberg e Kim Scott Transformaram Minha Visão sobre Liderança
Explorando lições de “Faça Acontecer” e “Empatia Assertiva” para entender os desafios enfrentados por mulheres no mercado de trabalho e como transformar essas lições em estratégias de sucesso. Leitura essencial para todos que buscam crescer profissionalmente.
Há dois anos, durante uma viagem de quatro meses ao exterior, onde estive sozinha, li o livro Faça Acontecer de Sheryl Sandberg, executiva de tecnologia com uma carreira notável no Google e na Meta Platforms (anteriormente Facebook), onde foi diretora de operações de 2008 a 2022. Em seu livro, Sheryl aborda questões relevantes como a diferença de gênero nas ambições de liderança, a importância de ter uma voz na mesa de decisão e a superação da síndrome do impostor.
Esse período de reflexão me proporcionou uma excelente oportunidade para entender um pouco mais as questões específicas que as mulheres enfrentam na vida profissional e no mercado de trabalho, e como lidar com essas situações no dia a dia. O livro, escrito por uma profissional de sucesso do Vale do Silício, oferece dados, reflexões e dicas valiosas para mulheres que buscam liberdade, reconhecimento e sucesso profissional.
Para complementar as reflexões da leitura anterior, recebi a indicação do livro Empatia Assertiva de Kim Scott por uma colega de trabalho que admiro pela força, competência e cuidado com as pessoas, sempre alcançando resultados relevantes para a empresa. Em uma conversa sobre minhas angústias e dificuldades, ela me perguntou se já havia lido o livro e me aconselhou a fazê-lo. Na mesma semana, comprei o livro e iniciei a leitura. Descobri, para minha grata surpresa, que Sheryl Sandberg, autora de Faça Acontecer, foi chefe de Kim Scott no Vale do Silício. Kim compartilha histórias de sua experiência com Sheryl para ilustrar conceitos em seu livro, o que reforçou a admiração que desenvolvi por Sheryl na leitura anterior e me ajudou a entender melhor quem era Kim. Isso também me aproximou da história, pois tive uma chefe mulher que me inspirou muito e me ensinou várias lições valiosas ao longo da minha carreira que continuo usando no meu dia a dia.
Sempre me esforcei para garantir que minhas decisões e ações, especialmente no ambiente de trabalho, fossem justas e baseadas em fatos, com o objetivo de evitar julgamentos precipitados e demonstrar competência. Ao longo da minha carreira, nunca busquei vantagens por ser mulher, mas também não aceitei ser menosprezada por esse motivo. Acredito que essa postura se aplica a qualquer distinção de raça, cor, gênero ou orientação sexual. O que realmente define a competência são as atitudes e os resultados, que podem evoluir e melhorar ao longo do tempo.
Minha visão prática de que a competência é medida por atitudes e resultados me levou a evitar o viés de gênero e a não usá-lo como justificativa em situações desafiadoras. Sempre enfrentei os desafios buscando superá-los da melhor forma possível, focando no que eu poderia fazer para contornar os obstáculos, em vez de esperar que outras pessoas ou fatos mudassem.
Essa abordagem guiou minha carreira, antes e depois de assumir posição de liderança. Além disso, tive a oportunidade de trabalhar com uma chefe excepcional, a qual me deu a oportunidade de assumir o primeiro cargo de liderança. Ela claramente se importava pessoalmente comigo e me confrontava diretamente quando necessário. Para entender melhor essa atitude, recomendo a leitura do livro de Kim Scott. Aqui está um breve resumo do conceito abordado no livro para referência:
Esquema da Sinceridade Radical:
Fonte: Empatia Assertiva, Kim Scott, (imagem elaborada por Luciana Falcão)
À medida que evoluímos em nossas carreiras, as situações mudam e se tornam cada vez mais complexas. Isso nos torna mais experientes e preparados para aproveitar novas oportunidades conforme surgem. E foi exatamente isso que aconteceu.
Finalmente dei o segundo passo na minha jornada de liderança. Pela primeira vez, meu chefe e a maioria dos meus pares e membros da equipe eram homens. Embora não tenha sentido medo ou receio, os julgamentos e dificuldades, que nunca havia enfrentado antes por ser mulher, se tornaram evidentes.
No início deste novo desafio, minha equipe estava se esforçando para colocar a casa em ordem e acelerar os processos. Fiz o melhor que pude e obtivemos bons resultados, sendo elogiada inicialmente por resolver problemas rapidamente. Com o tempo, enfrentei desafios adicionais, incluindo a pressão por resultados e a resistência inicial à minha liderança. Então comecei a receber feedbacks com frases como “as pessoas não gostam de você” e “você é ótima tecnicamente, mas precisa melhorar comportamentalmente, para ser melhor aceita”. Diante dessas dificuldades, passei um ano acreditando que os feedbacks negativos eram culpa minha, levando-me a questionar minha competência, uma clássica manifestação da síndrome da impostora.
Entendi que precisaria lidar com as questões relacionadas ao fato de ser mulher e ajustar meu comportamento para ser mais amigável e menos questionadora e confrontadora, visando ser novamente reconhecida como uma profissional competente.
Atualmente, ao relembrar a leitura do livro de Sheryl e ao explorar o livro de Kim, percebo que as situações que enfrentei ao longo do ano se alinham perfeitamente com as informações apresentadas nas obras. O que me motivou a escrever este artigo foi a seguinte frase no livro Empatia Assertiva:
“Todas as mulheres que trabalham têm incontáveis histórias sobre serem rotuladas de hostis ou malvistas por serem competentes demais… e terem de pagar o preço emocional e profissionalmente.”
Percebi que não sou a única a vivenciar isso; a autora de um livro reconhecido internacionalmente e uma profissional de sucesso no Vale do Silício também relata essas experiências. Não posso ignorar o que vivi, vivo e certamente viverei, pois é uma questão da vida profissional atual que precisa ser enfrentada com assertividade.
Kim Scott cita dados de um estudo conduzido por Kieran Snyder, cofundadora da Textio, que aplicou uma análise linguística em avaliações de desempenho. A pesquisa revelou que, quando mulheres confrontam diretamente no ambiente de trabalho, são penalizadas e vistas como hostis, enquanto os homens não enfrentam o mesmo tipo de penalização. Snyder também publicou um artigo na revista Fortune destacando que cerca de 76% das mulheres de alto desempenho recebem feedback negativo, em comparação com apenas 2% dos homens. Isso pode levar muitas mulheres a desistirem de suas carreiras (1). Essa disparidade de feedback é corroborada por outras profissionais de sucesso, como Rebekah Bastian, que explora o tema em seu artigo “Por que as mulheres recebem mais feedbacks negativos que os homens” (2).
Não posso deixar de mencionar uma passagem esclarecedora e significativa do livro de Kim Scott. Ela conta uma história a seu pai para ilustrar o problema da “armadilha da competência/imagem positiva”. Trata-se do caso de Heidi/Howard Roizen:
Heidi Roizen é uma empresária real, capitalista de risco bem-sucedida no Vale do Silício, que escreveu um estudo detalhando suas conquistas e como usou sua personalidade extrovertida e vasta rede de contatos para alcançar o sucesso.
Os professores que conduziram o estudo fizeram uma alteração simples: para metade dos alunos, o nome “Heidi” foi alterado para “Howard”. Eles então pediram aos alunos que avaliassem suas impressões de “Heidi” ou “Howard”. Os resultados mostraram que, apesar de ambos serem considerados igualmente competentes, “Howard” foi visto como um colega mais agradável, enquanto “Heidi” foi frequentemente vista como egoísta e não alguém com quem gostariam de trabalhar ou contratar.
No final da leitura, o pai de Kim ainda julgou as mulheres como agressivas, caindo na mesma armadilha dos participantes da pesquisa. Kim fez questão de explicar ao pai que isso é um julgamento de gênero, o texto era exatamente o mesmo para ambos os personagens, mas só o fato de saber que foi uma mulher que escreveu alterou o julgamento de positivo para negativo, algo extremamente injusto e até cruel. Então, ele passa a entender e reconhecer o problema.
Muitas vezes, esses julgamentos não são conscientes, mas sim fruto de costumes enraizados que nem sempre percebemos. Contudo, isso afeta profundamente o desenvolvimento de carreira das mulheres. Portanto, é fundamental conscientizarmo-nos e ajudar a conscientizar os outros, utilizando a empatia assertiva. Precisamos trazer esses julgamentos e comportamentos inconscientes para a consciência, para que possamos lidar com eles e eliminá-los.
Portanto, recomendo fortemente a leitura desses dois livros, tanto para homens quanto para mulheres. É importante lembrar que o intuito das empresas é contar com pessoas competentes que resolvam problemas de forma proativa e assertiva, gerando resultados positivos para a organização. Não importa se o funcionário é homem ou mulher; cada um deve ter a liberdade de se importar pessoalmente e confrontar diretamente qualquer um, trazendo valor e resultados positivos para a empresa, ao mesmo tempo em que promove um ambiente de trabalho feliz e produtivo.
Isso não se trata apenas das mulheres, mas sim de maximizar o retorno sobre o investimento para os acionistas da empresa, sem causar traumas e transtornos às pessoas. Existem muitas pesquisas científicas e artigos sobre o tema, mas como essas informações chegam àqueles que realmente precisam? O que podemos fazer para lidar com essas situações e promover mudanças positivas?
Ao longo deste artigo, compartilhei insights valiosos sobre liderança e os desafios enfrentados no mercado de trabalho, baseados nas lições transformadoras de Sheryl Sandberg e Kim Scott.
Referências:
01 – https://fortune.com/2024/08/08/most-high-performing-women-recieve-negative-feedback-quit-jobs/
A Luall Connect é uma empresa de networking dedicada a criar conexões valiosas entre profissionais e empresas. Nosso objetivo é facilitar a construção de redes de contatos estratégicas, proporcionando oportunidades de crescimento e desenvolvimento em diversos setores. Acreditamos que as melhores oportunidades surgem das conexões certas e estamos aqui para ajudar você a expandir seu network de maneira eficaz e significativa.
LIVRO 01 – Faça Acontecer, de Sheryl Sandberg: Se você está pronto para romper barreiras e alcançar novas alturas na sua carreira, “Faça Acontecer” é o guia indispensável. Mergulhe neste livro inspirador e transformador que oferece insights valiosos sobre liderança e empoderamento feminino. Adquira sua cópia agora através do link de compra e apoie a Luall Connect. Fique ligado, que em breve tem mais.
LIVRO 02 – Empatia Assertiva, de Kim Scott: Se você deseja liderar com eficácia e criar um ambiente de trabalho positivo, “Empatia Assertiva” é a leitura que você precisa. Descubra como equilibrar empatia e assertividade para alcançar resultados impressionantes e inspirar sua equipe. Compre agora através do link de compra e contribua com a Luall Connect. Fique ligado, que em breve tem mais.